sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Abraço-te






Queria dar-te um abraço
com muito amor e carinho
sincero, verdadeiro
um abraço apertadinho.

Nesse abraço sentirias
o quão importante me és.
O valor do meu amor
O que por ti eu faria
se tu me deixasses.

Mas não o faço!
Tenho medo da tua reacção
por vezes até de um beijo
me afastas com a mão.

Como seria bom
sentir teu corpo no meu
num abraço profundo
Aquele, que também não dei
a quem já partiu deste mundo.

Mas eu não quero partir
sem te dar esse abraço
Sinto que o desejas também.

Vamos quebrar o gelo
As barreiras que nos oprimem
e nos impedem desse abraço.

Vamos ser aquilo que somos
desde o dia em que te gerei
Mãe e filha ternurentas
manifestando os sentimentos
dando o amor e o carinho
que nos liga desde sempre.

Abraço-te!

Maria Antonieta Oliveira

Hoje Estou Triste

Sabes?!
Hoje sinto-me triste
cansada, desiludida
Sinto-me presa, oprimida
Sinto-me qual adolescente
perdida na vida, carente
Sem rumo ou destino
na encruzilhada do caminho.

O sol partiu de mim
há muito
As trevas acompanham-me
O céu enegreceu
pelo sofrimento meu
Até as estrelas
fugiram do meu olhar
com medo de as machucar.

Ao meu redor
nada nem ninguém me assiste
Estou só!
Completamente só e desolada
Todos partiram, ficando
Presentes, ausentes…

E eu,
neste deserto sem fim
esperando
que alguém se lembre de mim.

Sabes?!
Hoje estou triste!


Maria Antonieta Oliveira

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O Teu Funeral




Passei ontem à tua porta
vi a roseira florida
que plantámos um dia.
As rosas alaranjadas
tal como o sol que nos aquecia,
estavam tristes abandonadas
tal como nós, amarguradas.

Da janela,
pendia a gaiola do canário
aquele que nos acordava
com o seu chilrear
quando ainda abraçados
no carinho aninhados
com desejos de amar.

Cá fora,
o teu carro jazia
coberto de folhas secas
e rodeado de ervas daninhas
Metia dó!
Quantas histórias ele contaria
se pudesse falar um dia.

Olhei ao redor
e uma lágrima caiu, sentida
A vida ali vivida
estava morta, perdida
Sem rumo
finada, acabada.

Os sinos tocam!
Vai sair o funeral!

Maria Antonieta Oliveira

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Banho de Espuma






Envolta em espuma
procuro o teu corpo sedoso
que me atraiu um dia.

Na banheira
calma e tranquila
penso em ti.

Quero de novo sentir
os teus lábios doces
descendo e subindo
os poros do meu corpo sedento.

Quero sentir
tuas mãos e carícias
teu corpo sequioso
entrelaçado no meu.

Quero-te só para mim
num encantamento sem fim.


Maria Antonieta Oliveira

A Nossa Primeira Vez








Escorre-me pelos dedos
O suor do teu corpo
Pareces louco!

Qual miúdo adolescente
carente

Os teus olhos brilham, piscam
como um farol no meio do mar
avisando os navegantes.

E eu,
a te olhar.

Afinal eras um desconhecido
que eu encontrei perdido
quando perdida andava.
Nem sequer te amava!

Beijo, cada gotícula do teu corpo
peludo, sensual atrevido.

Chamas-me MULHER!

E tu,
és o HOMEM que eu desejava!


Maria Antonieta Oliveira

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Menino Jesus



Ontem,
pus o sapatinho na chaminé.

A noite foi longa
o dia custou a amanhecer
e eu, queria acordar
dessa noite em que não dormi.

Ainda era madrugada
e eu, pé ante pé
no silêncio
dos meus pezitos de lã
de miúda pequena
fui à cozinha.

Oh meu Deus!
Que surpresa!
O Menino Jesus
tinha-me trazido,
tudo o que eu lhe tinha pedido.

Saltei de contente
e com o barulho
acordei toda a gente.

Hoje o Menino Jesus
foi esquecido
Em seu lugar
um velho de barbas brancas
e de sacola às costas
é o sonho das crianças.

Para mim,
hoje tal como ontem
é o Menino Jesus
que me presenteia e diz:
Faz muitos anos que nasci
por isso hoje há festejos
porque é dia de Natal!

Maria Antonieta Oliveira

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Aurita

AURITA
MARIA AURORA DA SILVA MENINO



Vi-te ontem
no caminho que nos uniu
e nos separou.

Éramos meninas
de mocassins
e soquetes nos pés.
Lembras-te?

Confidentes e amigas
sem invejas nem intrigas
Sonhávamos!
Não eram sonhos de meninas,
não!
Sonhos de adolescentes
de namoricos e paixonetas.
Mas éramos inteligentes
alunas de boas notas e maneiras
em francês éramos as maiores
e,
em nenhuma outra, fomos as piores.

E os nossos almoços trocados,
Lembras-te?
Como tu gostavas dos pastéis de bacalhau
que a minha mãe fazia!
Tudo era uma alegria!

E o olhar atraente
dos olhos verdes esmeralda
que tanto te fascinava.
Lembras-te?

Éramos amigas de verdade
Havia em nós cumplicidade!

O tempo passou
e ingrato, nos afastou.

Nós crescemos
somos mulheres, mãe e avós.
Nossos sonhos
uns ficaram pelo caminho
outros, realizámo-los com carinho.

Este reencontro
é um sonho meu realizado.
olho-te, abraço-te, beijo-te
tenho-te aqui a meu lado.

Quero que o amanhã
não seja como o ontem
que nos uniu e nos afastou
no caminho da vida percorrida.

Quero que a nossa amizade perdure
para além do hoje, do amanhã, do sempre!

Maria Antonieta Bastos Alentado

Maria Antonieta Oliveira
10 de Outubro de 2013








sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Os Sons do Silêncio




Que saudades eu tenho
do silêncio das ruas.
do chiar do eléctrico
do sonoro tilintar
Da calma e tranquilidade
de passear na cidade
E o silêncio
do autocarro que parou
Da porta que se abriu
Da menina que sorriu

E o silêncio
da fava- rica que passa
da boa castanha assada
e do toc-toc da chinela da varina
com os restos na canastra.

Que silêncio!
Que saudades!

Do dlim-dlam do sino da igreja
Do gri-gri dos grilos, nas noites de verão
E do pipilar das aves

O silêncio das vidas em segredo
nem as ruas os sabiam
O silêncio da bota grossa da tropa
dos magalas que passavam
E do apito do policia sinaleiro.

Que saudades
destes sons que eu ouvia
no silêncio que existia.

Que saudades!


Maria Antonieta Oliveira



terça-feira, 1 de outubro de 2013

Navego




Nesse mar navego
que me leva…

Meu corpo desliza nas ondas
Meu ser perdido na terra
O coração, esse,
perdi-o ontem,
quando ao monte subi.
Perdi-o, perdi-me, esqueci.

Ouvi teu corpo gemendo
Vi teus braços erguidos ao Céu
suplicando baixinho a Deus.
Tentei erguer-te
e lavar tua alma negra
Tentei dar-te carinho
e limpar o teu caminho
Tentei tudo o que podia
Tu,
nada quiseste ou fizeste
E eu,
que nada sou, nada sabia
Orei por ti.

Meu corpo deslizando nas ondas
Desse mar que me leva
Navego…


Maria Antonieta Oliveira